domingo, 19 de maio de 2013

Anatomonotonia, um ódio a um toque


Odeio esse toque que caminha meu corpo como discovered country
Esse toque pretensioso, frio, firme e cartógrafo
Esse toque de quem mora em mim há muito tempo
e já pensa conhecer todos os meus segredos e caminhos, ruas e becos
Que me pensa máquina, com:
botões,
conexões,
ligações em paralelo e,
abaixo de tudo,
lógica.

Odeio esse toque repetido, esse eterno retorno às seguras terras
Os dedos viciados, dedos suburbanos
A pele pouco estrangeira, velha
A boca seca, a língua nervosa que roça os cantos,
sem encanto.
Olhos que caem sobre mim e não me veem.
“De você eu já sei”, dizem eles, cheios de enganos.

O que seu toque não sabe é que perco a mim
dia sim,
dia sim.
Despelo, pelo.
E a cada ciclo sou carne viva, queimada.
Mas você já me sabe.
Ah, você já me sabe...
Sou sua sesmaria, seu latifúndio, sua terra colonizada.

Só não sente, toque seu,
que teu arar não cria nada.
Daqui em pele e sempre
eu sou terra arrasada.

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