Ecoa tudo que é ser.
Palavra lançada no infinito, o teu nome
- ou melhor: nada de infinito.
Este momento aqui, este, entre a luz que entra
e aquele sol que vai embora.
Com a mão repousada em meu pescoço,
sussurra o que se diz no meu ouvido.
Então ecoa.
Ecoa como tudo quer ser.
Na caverna, um que senta nu e molhado,
sibilando horrores, ouve.
Sorri. Um descanso. De quê?
Um descanso. Aonde?
O vento corre, um assobio.
Tuas paredes cantam sempre.
Socorrem-me essas suas sinfonias.
terça-feira, 1 de julho de 2014
segunda-feira, 16 de junho de 2014
Histórias Sobre a Morte (IV)
I.
in stein
a rose has never been
morose
II.
no túmulo do mundo
minha avó
uma rosa é:
palavra lapidada
na pedra
antônia
III.
uma ausência me escreve
canções de permanência
retorno ao retorno a
dizer esta morte
IV.
minha avó era um móbile
nunca mo-
rosa acinzentada
o tempo fez
o corte
V.
a palavra rosa
forte a palavra
rosa forte a
palavra rosa forte
VI.
da minha avó
nunca cri na morte
in stein
a rose has never been
morose
II.
no túmulo do mundo
minha avó
uma rosa é:
palavra lapidada
na pedra
antônia
III.
uma ausência me escreve
canções de permanência
retorno ao retorno a
dizer esta morte
IV.
minha avó era um móbile
nunca mo-
rosa acinzentada
o tempo fez
o corte
V.
a palavra rosa
forte a palavra
rosa forte a
palavra rosa forte
VI.
da minha avó
nunca cri na morte
domingo, 4 de maio de 2014
segunda-feira, 28 de abril de 2014
este é o nosso segredo:
escrever nunca é o segredo.
é ser não esfinge mas édipo
decifrar, devorar, matar o pai
perfurar os olhos etc.
este aqui é o broche -
uma ponta aguda, os rios
de sangue em cada poema
gota é pouco
aqui veio morrer o sagrado
o inominável nominado
eis zeus e zeus se fez,
morreu aos cinquenta e oito
e deixou dois netos
e eis seus netos, assassinos
do avô: cortaram-lhe as rodas,
lançaram-nas ao mar - nada
aqui, aqui só, o Caos
o mundo é fácil, narciso vive
tudo é puro agrado
como vai? hasta la vista
até mais logo minha flor
e toda sorte virtuais
o horror, logo, isto
horror eu digo - eu grafo:
uma estátua queda no deserto
e os prodígios dos homens velhos
não valem nada mais - orfeu,
por deus, desvelai por nós!
escrever nunca é o segredo.
é ser não esfinge mas édipo
decifrar, devorar, matar o pai
perfurar os olhos etc.
este aqui é o broche -
uma ponta aguda, os rios
de sangue em cada poema
gota é pouco
aqui veio morrer o sagrado
o inominável nominado
eis zeus e zeus se fez,
morreu aos cinquenta e oito
e deixou dois netos
e eis seus netos, assassinos
do avô: cortaram-lhe as rodas,
lançaram-nas ao mar - nada
aqui, aqui só, o Caos
o mundo é fácil, narciso vive
tudo é puro agrado
como vai? hasta la vista
até mais logo minha flor
e toda sorte virtuais
o horror, logo, isto
horror eu digo - eu grafo:
uma estátua queda no deserto
e os prodígios dos homens velhos
não valem nada mais - orfeu,
por deus, desvelai por nós!
domingo, 27 de abril de 2014
Histórias Sobre a Morte (III)
I.
a barbárie:
prender corpos em retângulos
nos porta-retratos
somos todos mortos
II.
ouvi de uma senhora:
"menino, pare com isso!
com a morte não se brinca"
hoje ainda a ouço, refeita
"menino, pare com isso!
com morte não se pode rimar"
III.
lançaram-se ao mar
rumo às terras indescobertas
alguns deles não saíram
do velho fim do mundo
outros conheceram o gigante
o resto foi buscar o fundo
todos se perderam no caminho
as terras são ainda indescobertas
IV.
pensei em escrever
a minha avó
num barco à vela
pensei na barbárie:
"com a morte
não se rima"
a barbárie:
prender corpos em retângulos
nos porta-retratos
somos todos mortos
II.
ouvi de uma senhora:
"menino, pare com isso!
com a morte não se brinca"
hoje ainda a ouço, refeita
"menino, pare com isso!
com morte não se pode rimar"
III.
lançaram-se ao mar
rumo às terras indescobertas
alguns deles não saíram
do velho fim do mundo
outros conheceram o gigante
o resto foi buscar o fundo
todos se perderam no caminho
as terras são ainda indescobertas
IV.
pensei em escrever
a minha avó
num barco à vela
pensei na barbárie:
"com a morte
não se rima"
sábado, 29 de março de 2014
Assinar:
Postagens (Atom)